sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Por Guto Gimenes do Rio de Janeiro (tirado de seu Blog).
No estado do Rio de Janeiro, o cenário do skate da cidade de Campos dos Goitacazes tem um eterno agitador e realizador há mais de 3 décadas. Romeu Lins começou a andar de skate em 1975, e já no ano seguinte agitava uma escolinha na quadra de esportes de sua área. O jovem amante do freestyle cresceu, envelheceu e progrediu, mas o amor perene pelo skate o manteve sobre o carrinho após todos esses anos - e agitando a cena local. Conheço o cara há muito tempo, e ele sempre teve aquele brilho nos olhos quando falamos sobre skate. E o brilho chega a ofuscar quando me revela sobre seus projetos relativos ao carrinho, sejam os que já estejam em andamento ou os que ainda não saíram do papel. E isso é coisa de quem se envolve com algo com paixão, é dedicação a uma causa na qual a única recompensa é ver o esforço traduzido em realizações.
Duas histórias dão conta do valor que esse cara tem no cenário do Norte Fluminense:
1) Quando a TRIBO era bem novinha, fiz uma trip-reportagem à Região dos Lagos pra revelar ao resto do país o cenário do daquela área. Na época, os destaques foram a mega-mini particular de madeira em Cabo Frio, a "descoberta" do Allan Mesquita na mini de concreto pública da cidade e uma reforma "tapa-buracos" que havia sido feita no banks de Búzios. Foi quando me lembrei que o Romeu havia me falado de uma mini "maneiríssima", segundo ele, que havia sido inaugurada uns 2 meses antes; como eu não tinha conseguido ir pra abertura dos trabalhos, por conta de alguns compromissos profissionais, resolvi esticar a viagem e incluir a principal cidade do Norte Fluminense na matéria.
Foi uma decisão que se tornou acertada. Nada que eu havia visto nos anos anteriores em nosso país se comparava à então novíssima mini localizada ao lado da rodoviária de Campos, a qual entitulei sem dúvida como a melhor do Brasil da época sem a menor sombra de dúvidas. Alguns skatistas do Rio haviam comparecido à inauguração, e todos me disseram que o pico era demais e que eu deveria ir lá pra conhecer e fotografar o local. Nem isso me preparou pro impacto que a mini me causou, tanto que eu resolvi me hospedar num muquifo bem próximo à rampa pra que pudesse estar o mais próximo possível dela.
Só depois é que pintou aquela clássica de Piracicaba (SP) e "destronou" a rampa campista de seu título, mas isso é outra história...
2) Quando começou aquela série de megaeventos de skate anuais no Rio, lá pintou o Romeu com uma maquete de uma praça de esportes que ele havia projetado. Tratava-se de uma área que integrava pistas de skate de todos os tipos com um palco pra shows, no que ele chamava brincando de "hardcódromo". Lembro muito bem que ele só conseguiu entrar na área restrita por insistência de uma produtora do canal que transmitia o evento, que achou interessante e agitou um crachá pro cara, pois havia sido desprezado por quem deveria liberar a sua entrada.
Uma fina ironia acabou envolvendo esse incidente: fora a transmissão de skate, a parte que mais atraiu a atenção do público foi justamente a mini-entrevista que o Romeu deu à emissora falando de seu projeto e mostrando sua maquete. Durante meses, fiquei respondendo a perguntas sobre o pico que muitos achavam que pintaria no Rio. Um tapa de luva de pelica nas promotoras de evento sem noção do que o skate representa pra quem anda...
Hoje em dia, o cara trabalha como desenhista industrial e produtor de vídeo, responsável pelo programa "Imagem & Ação", sem falar que edita seu próprio blog. As responsabilidades da vida e a barriga podem ter crescido - mas o envolvimento e a paixão pelo skate permaneceram com entusiasmo juvenil. E tudo na maior simplicidade possível, típico de quem não está nem aí pra grandeza que representa
Fosse o Brasil um país justo, e tivessem os skatistas atuais o respeito e a consideração devidos às gerações passadas, já teria uma pista ou estátua com o nome de Romeu Lins em Campos.

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